• 12 de Outubro de 2024

Os Dez Mandamentos II

(texto da audiência)

Os Dez Mandamentos aparecem, na Bíblia, como parte duma relação de Aliança entre Deus e o seu povo. Entretanto o texto bíblico e a tradição hebraica não falam de mandamentos, mas de «palavras»: são as Dez Palavras, isto é, o Decálogo. Ora, nós sabemos que não é a mesma coisa receber uma ordem ou sentir que alguém deseja falar connosco. Diante de nós abre-se esta alternativa: ver Deus como Alguém que me impõe coisas ou como um Pai que tem cuidado de mim e vela pelo meu bem. Logo no Jardim do Éden, o Tentador conseguiu enganar Adão e Eva neste ponto: convenceu-os de que Deus lhes proibira de comer do fruto da árvore do bem e do mal para tê-los sujeitos a Si. O diabo deixa os nossos primeiros pais perante este dilema: Aquela proibição de Deus é a imposição dum déspota que proíbe e constringe ou é a solicitude dum pai que tem cuidado dos seus filhos e os protege da autodestruição? Deus é patrão ou Pai? Somos seus súbditos ou filhos? Os factos demonstraram dramaticamente que a Serpente os enganou. Mas esta é uma luta que se apresenta, continuamente, dentro e fora de nós: vezes sem conta, fomos obrigados a escolher entre uma mentalidade de escravos ou uma mentalidade de filhos. Um espírito de escravo só pode ver a lei como opressora, daí resultando uma vida feita de deveres e obrigações ou então a recusa a obedecer-lhe. O cristianismo é a passagem da letra da Lei para o Espírito que dá vida. Jesus é a Palavra do Pai, não a condenação a nós imposta pelo Pai. O mundo não precisa de legalismo, mas de cristãos com coração de filhos.

Fonte: http://w2.vatican.va/content/francesco/pt/audiences/2018/documents/papa-francesco_20180620_udienza-generale.html

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