Missão Pará

A Diocese de Cachoeiro de Itapemirim iniciou no dia 1º de outubro o seu Ano Missionário Jovem.
E o Frei Sérgio Sambl, pertencente à Ordem dos Agostinianos Recoletos e atualmente Vigário Paroquial da Paróquia São João Batista (Muqui), deu um depoimento esta semana contanto um pouco da sua trajetória missionária.
O depoimento foi para o site da província São Tomás de Vila Nova, que é uma das 8 províncias que compõem a ordem agostiniana. Durante o relato, Frei Sérgio menciona especificamente a sua passagem pelo município de Breves, no Arquipélago do Marajó, localizado no estado do Pará. Acompanhe abaixo:
“Sou Frei Sérgio Sambl, presbítero e religioso Agostiniano Recoleto, atualmente resido na Paróquia de São João Batista de Muqui – ES, mas no ano de 2013 estive nas missões em Breves – Marajó – PA.
Naquela época havia concluído a teologia e feito a profissão solene, no entanto, antes de receber o sacramento da Ordem, foi proposto aos formandos um ano de inserção pastoral. Éramos três religiosos e fomos enviados às Missões. Um foi enviado para Lábrea (AM), e dois às missões no Marajó (PA). Fui destinado a Breves.
Naquela época residiam na Paróquia os freis: José Luiz Rodrigues (Prior), José Gabriel (Pároco) e Paulo José. Fui o quarto frade a compor esta comunidade. Após alguns dias em Belém, cheguei a Breves no dia 26/01/2013. O meio comum de acesso de Belém para a Ilha é o Barco, neste caso, um barco que leva doze horas para realizar todo o percurso até chegar em Breves.
A Paróquia Santana de Breves se localiza no arquipélago do Marajó, naquela época estava composta de seis comunidades na zona urbana e noventa nos ribeirinhos. Era uma paróquia muito ativa, com muita participação do povo, muitas pastorais e movimentos.
Na área urbana existia muita participação do povo, inclusive muitos jovens participavam, que se dividiam em grupos de acólitos e coroinhas, pastoral da juventude, JAR e Ministério Jovem, da RCC. Grupos que acompanhei enquanto estive por lá. Também existiam outros trabalhos, pois eu acompanhava outros movimentos como a Pastoral da Saúde, A Milícia da Imaculada, a Pastoral da Comunicação e auxiliar no canto.
Características que me chamavam a atenção eram o quanto as pessoas eram receptivas, calorosas, acolhedoras, eram generosas mesmo tendo pouco. Era um povo muito devoto, alimentavam muita devoção aos Santos, especialmente à padroeira Sant´Ana e à Virgem Maria, sob o título de Nossa Senhora de Nazaré; que é algo característico da cultura religiosa do Pará, a devoção a Virgem e ao Círio de Nazaré.
As comunidades urbanas eram atendidas frequentemente, enquanto as comunidades ribeirinhas apenas uma vez ao ano possuíam a presença do padre. Eram realizadas viagens de 15 a 20 dias pelos veios dos rios para visitar estas comunidades ribeirinhas. Era um barco pequeno, da paróquia, que comportava no máximo umas 4 pessoas, dormíamos nas redes, atracávamos o barco a beira das comunidades que visitávamos, aonde nos era oferecido refeição.
Pude acompanhar muitas destas viagens, auxiliando com algumas palestras às comunidades. Nestas visitas eram atendidos em confissão todos os que necessitavam e se ministravam outros sacramentos como a celebração da Eucaristia, Batizados ou Matrimônios.
Esta experiência de visitar os ribeirinhos era marcante, pois pude recordar muito o Evangelho, que nos convida ao despojamento, desapego, a simplicidade. Uma vez numa celebração, durante o ofertório, vi uma senhora bem idosa aproximando-se do pote que foi colocado para as ofertas e colocando umas moedinhas. Impossível não lembrar do Evangelho, que nos conta sobre a velhinha que na caixa de ofertas colocou algumas moedas, que era tudo que possuía.
Permaneci em Breves por quase um ano, retornando para São Paulo após o dia 10 de novembro. Este dia coincidiu com a visita da Imagem de Nossa Senhora de Nazaré ao município, o Círio de Breves, que ocorria todo segundo domingo de novembro por lá. Assim, com a proteção de Nossa Senhora, retornei para São Paulo para receber o diaconato.”
Fotos: Arquivo pessoal - Frei Sérgio Sambl
Fonte: Diocese de Cachoeiro