Corpus Christi no Cristo Redentor: ‘Sejamos construtores de pontes e de paz’
Carlos Moioli - Arquidiocese do Rio de Janeiro
“A Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, celebrada na quinta-feira após a Solenidade da Santíssima Trindade, fala muito ao coração católico, a convicção da presença real de Jesus na Eucaristia. O centro, a fonte e o ápice da vida cristã, a inspiração para viver a comunhão, a unidade”, disse o arcebispo em sua mensagem.
Dom Orani destacou que celebrar Corpus Christi é celebrar o “encontro com Jesus Cristo, o Verbo de Deus que se fez carne, mistério da salvação e cumprimento das promessas do Senhor”, explicando que a solenidade surgiu no século XIII na Bélgica, para que o mistério, fé comum da Igreja, fosse mais visibilizado.
“O Novo Testamento revela um único Deus, Pai, Filho e Espírito Santo. O filho, rosto humano de Deus, se fez carne e veio morar no meio de nós, quis se tornar presente em nossa vida pela Palavra, pelos irmãos, pelo bem que se faz e, principalmente, pela Eucaristia”.
Corpus Christi no Cristo Redentor
Como parte da tradição da Solenidade de Corpus Christi, foram confeccionados seis tapetes de sal em frente do monumento do Cristo Redentor, pela primeira vez em sua história, para a passagem do Santíssimo Sacramento. Os tapetes foram preparados durante a madrugada por fiéis que representaram as comunidades da Canção Nova e do Shalom, o Seminário São José, o Setor Juventude e o Santuário Cristo Redentor.
Durante toda a madrugada, aconteceu uma vigília de oração na Capela Nossa Senhora Aparecida, aos pés do monumento. Assim, todos que trabalhavam na confecção dos tapetes, puderam também rezar.
Um dos tapetes, de inspiração inter-religiosa, foi confeccionado pela Comissão de Diálogo Inter-Religioso. Convidados por Dom Orani, estavam presentes na celebração líderes de diversas denominações inter-religiosas: Igreja Evangélica Colheita, Muçulmanos Sunitas, Espíritas, Indígenas (Catimbó de Jurema), Candomblé, Hare Krishna, Xamanismo, Religião Wicca, Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, Budista, Umbanda, Fé Bahá’í, Judaísmo, Muçulmanos Xiitas,
Os lideres compõem o grupo Diálogo e Paz, formado pelo próprio arcebispo, o grupo Expo-Religião, coordenado por Luzia Lacerda, e da Comissão Arquidiocesana para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-religioso, representado na celebração pelo secretário, diácono Nelson Águia.
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Ao parabenizar as pessoas que se uniram para confeccionar os tapetes, numa diversidade de cores, ideias e convicções, para a passagem do Santíssimo Sacramento, o arcebispo lembrou que “é possível também trabalhar juntos para confeccionar o mundo com belas inspirações de bondade e de fraternidade”.
Dom Orani observou que a presença de todos na celebração, aos pés do monumento do Cristo Redentor, que neste ano comemora 90 anos de sua inauguração, era para pedir bênçãos: “todos nós, independente de nossa crença e também para os que não creem, queremos ser abençoados, desejamos tempos melhores”.
“Pedimos que o Senhor abençoe a todos indistintamente, que haja paz em nossa cidade. Que o Senhor possa consolar as famílias que sofrem com a perda de seus entes queridos, muitas sem a possibilidade de fazer um velório para as despedidas. Também pelos que estão hospitalizados e que causam tanta preocupação aos seus familiares, e, ainda, aos profissionais da Saúde, que, mesmo com todo cansaço, procuram salvar vidas”.
“Também por aqueles que passam por necessidades, o que tem sido uma preocupação de todos os grupos religiosos para saciar a fome de quem passa pelo desemprego, nestes tempos difíceis que vivemos, que encontram dificuldades para a subsistência da família”, disse o arcebispo, acrescentando os moradores do prédio que desabou em Rio das Pedras, para que “possam ser assistidos e, em meio a dificuldades e dores, sintam a fraternidade e a comunhão, principalmente por parte da Paróquia São João Batista, situada no bairro”.
Corpus Christi no Cristo Redentor
“Enquanto católicos, somos chamados à unidade”, disse o arcebispo, destacando que no Evangelho do dia Jesus pediu “que todos sejam um”, “lema de meu sacerdócio e de meu episcopado”. “A unidade não é restrita”, acrescentou, “ela deve inspirar a todos para o diálogo, na certeza que no meio das diferenças há muitas coisas em comum”.
“Num mundo dividido, enquanto pessoas religiosas, de fé, podemos ser um sinal que é possível uma convergência de interesses para o bem de todos. Que é possível a convivência de irmãos, o respeito à diversidade e às convicções de cada um, que nós nos respeitamos, nos amamos, e queremos que esse mundo seja diferente”, disse
Ao concluir sua mensagem, Dom Orani agradeceu a Deus pela oportunidade de ver, do alto do Corcovado, aos pés do Cristo Redentor, a bela visão do mar, das montanhas, mesmo com a neve que encobria a cidade.
“Neste dia em que manifestamos a fé na presença real de Jesus na Eucaristia, que Deus esteja presente em cada casa, coração, família, ou lugar desta cidade. Como compromisso de nossa unidade, sejamos construtores de pontes, e que a paz possa reinar em nosso meio, nas nossas vidas. Em meio a situações de violência, divisão antagonismos, ódios e rancores, que a nossa vida seja uma bênção para a cidade, para o mundo, uma bênção que nos leve e que também possa contagiar a todos para uma nova vida”, concluiu.
Corpus Christi no Cristo Redentor
Mais duas celebrações
Após a bênção à cidade no Cristo Redentor, ainda de manhã, Dom Orani presidiu missa no Santuário Arquidiocesano de Adoração Perpétua, a Igreja de Sant’Ana, no Centro, encerrando a 95ª Seman Eucarística, que neste ano teve como tema: “Eucaristia: Solidariedade de Deus com a humanidade”.
Na parte da tarde, o Santíssimo Sacramento veio da Igreja da Candelária em carro aberto, acompanhado por uma carreata, com representantes dos nove vicariatos da arquidiocese. Ao chegar na Catedral de São Sebastião, Dom Orani presidiu a missa solene, encerrando as festividades na arquidiocese.
Visita ao prédio que desabou em Rio das Pedras
Já era noite, quando Dom Orani visitou o local em que um prédio de quatro andares desabou de madrugada, na comunidade do Anil, em Rio das Pedras, na zona oeste do Rio.
Ele foi levar sua solidariedade à comunidade após presidir a terceira celebração da Solenidade de Corpus Christi, realizada na Catedral de São Sebastião. Em todas elas, o arcebispo rezou nas intenções dos atingidos pela tragédia. Estava acompanhado do bispo auxiliar Dom Roque Costa Souza e do pároco local, padre Renato Lima, da Paróquia São João Batista.
Dom Orani foi informado, conforme dados oficiais do serviço social de assistência social da prefeitura, que a tragédia atingiu 21 famílias, deixando 12 vítimas, 58 pessoas desalojadas, três lojistas e dois óbitos, um pai e a filha, de dois anos. A paróquia local está colaborando, acolhendo os profissionais que estão na linha de frente, e prestando auxilio para os atingidos.
Fonte: Vatican News