• 4 de Outubro de 2024

DICAS DE HOMILIA - Solenidade da Assunção de Maria

DICAS DE HOMILIA - Solenidade da Assunção de Maria

(Ap 11,19a;12,1.3-6a.10ab / Sl 44 / 1Cor 15,20-27a / Lc 1,39-56)

A vocação de Maria - A Esperança Viva - A Nova criação

A liturgia proclamada e celebrada na Solenidade da Assunção de Maria deve fazer ressaltar o mistério mais profundo que é celebrado, isto é, o Chamado de Deus e a Vocação de Maria é modelo para toda a Igreja. De fato, em toda a Sagrada Escritura, o chamado e a vocação de cada indivíduo, não é exclusiva do que o recebeu, mas diz respeito à todo o povo eleito. Desse modo, a experiência, o chamado e a missão de Maria devem iluminar o caminho de toda a comunidade dos filhos e filhas de Israel e particularmente de todos os cristãos. Na sua assunção, Maria experimenta a sua salvação plena e definitiva, participando integralmente do destino de seu Filho. Do mesmo modo que, como membro do povo eleito do Senhor a sua experiência torna-se um convite direcionado à toda a comunidade dos discípulos de seu Filho, chamados a reconhecer nos passos da Virgem Mãe, a sua vocação e o seu futuro.

Desse modo, ao celebrar a presença maternal e a Vocação de Maria, a Igreja é chamada a reconhecer a sua própria vocação, a ser um sinal de Deus na história dos homens. De modo que, por meio de sua presença junto aos que mais sofrem possa-lhes reforçar a esperança e a confiança nos cuidados divinos, assim como é retratado no relato da Segunda Leitura. A fim de que a humanidade se abra à esperança de um mundo novo, proposto pela entrega de Jesus na cruz e recriado em cada gesto de solidariedade e comunhão de seus discípulos no dia a dia.

O início do texto do Evangelho de Lucas apresenta Maria deixando apressadamente a sua casa na direção da casa de Isabel, algo que ocorre, logo após ter recebido o anúncio do anjo sobre seu chamado e sobre a notícia da gravidez de sua prima. A atitude de Maria indica que a experiência feita com o anjo lhe fortaleceu a fé, tornando-a disponível, comprometida e cheia da alegria, portadora de um grande anúncio. O coração de Maria enche-se da alegria do alto, tornando-se, pela graça do Espírito Santo, capaz de comunicar a alegria da salvação. Sendo assim, o caminho de Maria que sai apressadamente pelas estradas da Galiléia, dirigindo-se à Judeia, deseja expressar a urgência da Salvação, algo tão importante para o Evangelho de Lucas. ,

Diante da saudação de Maria, Izabel ficou repleta do Espírito Santo, isto é, cheia da graça de Deus, sendo invadida por tamanha graça, ela louva a Deus por ter realizado imensa obra para com o povo eleito e canta a bem-aventurança de Maria: "Bem-aventurada aquela que acreditou..." Desse modo, a missão de Maria tem seu início, pois, ao comunicar a Isabel a alegria de ter acolhido o Salvador, ela se torna a primeira discípula missionária. Pois, ao celebrar a vida que trazia em seu seio, Maria canta alegremente a sua confiança nas promessas de Deus, que nunca desistiu de seu povo, mas, sempre o visita, o liberta e estende, de forma especial, o seu cuidado sobre todos os excluídos e esquecidos da história. Maria é discípula missionária, comunicadora da Boa Notícia da salvação, portadora de Cristo, sinal claro para toda a comunidade dos discípulos missionários chamada a seguir os passos da Mãe de Jesus, da Mãe da Igreja. Sendo assim, ao tornar Maria a Mãe do Seu Filho, o Senhor lhe confiou uma missão, fazendo dela um modelo a ser seguido por toda a Igreja. De fato, o Sim de Maria, a sua fé disponível devem ser um exemplo para todos os discípulos e discípulas do Senhor. Chamados a assumirem, com alegria e disponibilidade, à exemplo de Maria, diante de Izabel, a missão de levar aos irmãos e irmãs a grande alegria que têm nos corações. Pois, assim como Maria comunicou a Isabel a alegria da salvação, comunicando à sua prima o dom do Espírito Santo, assim, também, deve ser o anúncio que nasce no coração de cada discípulo missionário. De maneira especial, que os gestos de solidariedade e partilha, comunhão e perdão, justiça e verdade, afastamento do mal e compromisso com a vida sejam a marca desse anúncio. Algo tão presente no canto entoado por Maria, ao exaltar e proclamar a esperança de tempos novos para todos, particularmente para os que mais precisam, os pobres e excluídos. Que as palavras e atitudes da Virgem Mãe sejam inspiradoras, capazes de tocar os corações dos discípulos e discípulas presentes nas Comunidades Eclesiais de Base. De modo que, todos, assumindo para si a vocação e missão de Maria, também sejam capazes de levar com alegria o anúncio da salvação, principalmente por meio de ações marcadas pela solidariedade e compaixão.

A Primeira Leitura do livro do Apocalipse traz uma cena muito conhecida, mas, que requer, a fim de que seja compreendida, a interpretação dos símbolos que nela se encontram. Pois, a compreensão de todos os muitos símbolos encontrados no livro é necessária para que a sua mensagem seja acolhida. A mulher pronta para dar a luz ao seu filho é um modelo, antes de mais nada, que diz respeito a toda a humanidade, a quem foi confiado do dom da vida, mas, também, representa a Igreja, chamada a dar a luz a novos filhos e filhas pela fé. O parto e as dores do mesmo são sempre o sinal do novo que vem e da dificuldade de fazer surgir a novidade desejada por Deus em meio a história dos homens. O filho que nasce, nas dores do parto e na turbulência da vida, é o sinal autêntico da esperança e do cuidado de Deus para com os seus. Já o dragão, símbolo que evoca o grande mito da humanidade e extremamente maior que a mulher, é a personificação das forças do mal, dos inimigos do homem e de suas esperanças, contrário à força vital que a mulher traz em seu ventre. O dragão recorda também a serpente do Gênesis que era a expressão de tudo o que rouba do homem a comunhão plena no projeto de vida de Deus para seus filhos e filhas, aquele que quer impedir a realização do plano de amor de Deus. Todavia, existe uma esperança que nasce, apesar da imensa desproporção existente entre a mulher, que está para dar à luz, e o dragão. Pois, o Senhor vem em socorro da mulher e de seu filho recém nascido, agindo por meio de sua misericórdia, a fim de despertar no coração dos homens a esperança. A cena é concluída com uma luz de esperança, firmada no cuidado de Deus para com os seus, confirmando que o Senhor garante o seu amparo e auxílio a todos os que desejam cumprir a sua vontade. O dragão cor de fogo não vencerá em sua luta contra a mulher, contra toda a humanidade, ao contrário, seu filho e ela mesma serão salvos, protegidos pelo cuidado sempre fiel de Deus. De fato, o Senhor vem em socorro daqueles que chama e convida para si, daqueles que desejam colaborar com o seu Reino. Desse modo, o texto do Apocalipse é portador do anúncio de uma grande esperança que deve firmar e confirmar os corações dos discípulos missionários. Esses chamados a seguirem o Senhor e realizarem a sua missão, como sinais vivos da presença amorosa de Deus na história, de maneira especial juntos os que mais precisam.

Por fim, na Leitura da Primeira Coríntios, São Paulo afirma que a Nova Criação tem início com morte e ressurreição de Cristo, na qual todos participam pelo batismo que receberam. De fato, o apóstolo indica que a redenção da humanidade diz respeito a todos os aspectos e dimensões da vida humana, isto é, abraça a vida do homem em sua totalidade. Pois, com a Morte e Ressurreição de Cristo toda a criação é atingida por uma total renovação, caminhando assim, na direção do desejo e do plano divino. De fato, Deus salva a humanidade marcada por muitas contradições e pecados, acolhendo-a e abraçando-a em sua infinita misericórdia. Desse modo, por meio da Morte e Ressurreição de Seu Filho, todos são elevados e transfigurados Nele que por todos se entregou. Sendo assim, torna-se claro que a nova criação nasce no amor e misericórdia divina, um poder vitorioso sobre todas as contradições presentes no mundo. Por isso, no canto de Maria, portadora da esperança e da alegria divinas, está presente a esperança da novidade trazida por Jesus Cristo. Pois, Maria ao afirmar que o Senhor é fiel às suas promessas, indica que a nova criação, instaurada por meio da Morte e Ressurreição de Jesus é a realização da promessa de Deus.

Que a celebração da Solenidade da Assunção de Maria confirme, nos corações de todos o desejo de abraçarem o mesmo chamado e a mesma vocação de Maria, isto é, serem alegres anunciadores do Reino de Deus. A fim de que se tornem sinais claros da presença do Senhor juntos aos que mais precisam, fortalecendo-lhes a Esperança e a Fé. A fim de que todos se comprometam na construção do mundo novo, que já tem seu início na entrega de Cristo na cruz, por amor de toda a humanidade.

Pe. Andherson Franklin Lustoza de Souza

;?>Fonte: Diocese de Cachoeiro

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