• 1 de Outubro de 2024

O Brasil que Queremos

O Brasil que Queremos

"Assim gosto de vos chamar, ‘poetas sociais’. Pois sois poetas sociais, porque tendes a capacidade e a coragem de criar esperança onde só aparecem o descarte e a exclusão. Poesia significa criatividade, e vós criais esperança. Com as vossas mãos sabeis como forjar a dignidade de cada pessoa, das famílias, e da sociedade como um todo, com terra, casa e trabalho, cuidados e comunidade”, foi com essa mensagem do papa Francisco, direcionada aos Movimentos Populares, que se iniciou o segundo momento do Seminário Nacional da 6ª Semana Social Brasileira (6ª SSB), ocorrido no dia 23 de outubro, em Brasília, na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Em formato híbrido, o seminário contou com ampla participação de lideranças e representantes de movimentos sociais, civis e entidades que trabalham em prol de uma sociedade mais justa e solidária.

Com mais de 500 participantes, entre eles representantes de nossa Diocese de Cachoeiro de Itapemirim, o encontro apresentou o escopo da proposta do projeto Nacional "O Brasil que queremos: o bem viver dos povos".

Algumas tarefas urgentes e irremediáveis foram discutidas, sendo elas: ressignificar os valores (a solidariedade, a generosidade, a partilha e a ética); socializar as experiências que alimentam a luta e a esperança; valorizar a comunicação alternativa; fortalecer os fóruns que aglutinam pastorais ou movimentos afins; valorizar todo tipo de novos atores sociais; entre outros.

"Qual o Brasil que queremos?"

O ponto alto do seminário se deu em um trabalho coletivo. A assembleia foi organizada em grupos, onde trabalharam a temática: quais as principais potencialidades da 6ª SSB até agora, e os desafios para a continuidade da ação? Após a discussão em grupo retomou-se para a assembleia geral, onde foram apresentados os debates.

Para Jhone Souza, gerente de projetos da Cáritas Diocesana, a reunião de tantas pessoas comprometidas pela causa social é um indicativo que é possível construir uma sociedade mais solidária.

“Foi um seminário bem dinâmico, o objetivo foi reforçar os valores coletivos que devem ser preservados, juntamente com os direitos de todo cidadão, representados pelos três “Ts” – terra, teto e trabalho. A carta publicada após o encontro faz memória a tudo isto, reforçando o comprometimento com esta causa. O encontro nos deixou o direcionamento, cabe agora a cada um de nós levar isto adiante para fazer valer realmente a temática do seminário: Qual é o Brasil que queremos?”

A 6ª Semana Social Brasileira (6ªSSB) que, inicialmente planejou as ações presenciais entre 2020 e 2022, ampliou, em 2021, os processos dos Mutirões pela Vida até 2023. A crise gerada pela pandemia de covid-19, causada pelo novo coronavírus e outros aspectos sociopolíticos, implicou nos processos de metodologia e dinâmica de formações propostas pela 6ªSSB nos temas: Terra, Teto e Trabalho; assim como nos eixos estruturais: Economia, Democracia e Soberania.

O objetivo imediato da 6ª SSB é sensibilizar a sociedade, mobilizar e articular forças sociais, fortalecer e multiplicar as lutas por direitos para desencadear novos processos de organização popular em torno do desafio/apelo/exigência maior de nosso tempo: “nenhuma família sem casa, nenhum camponês sem terra, nenhum trabalhador sem direitos, nenhuma pessoa sem a dignidade que provém do trabalho”, diz o Papa Francisco.

Jhone Souza também deixou um convite para o evento diocesano que acontecerá no próximo mês e que abordará diretamente a Semana Social: “Deixo aqui também o convite, onde no dia 1º de dezembro faremos uma live com Alessandra Miranda, secretária executiva da 6º Semana Social Brasileira, onde nós vamos abordar alguns temas específicos de nossa realidade e será um momento para que todos possam se aprofundar mais nas questões vigentes aqui da nossa região.”

Carta Mutirão pelo Brasil que queremos: o bem viver dos povos

“Sonho e semente de reconstrução”
(Levante Popular, de Antônio Baiano)

A 6ª Semana Social Brasileira reunida no Seminário Nacional “O Brasil que queremos: O Bem Viver dos povos”, no dia 23 de outubro de 2021, em formato híbrido e transmitido da sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), reafirma o que nos disse o Papa Francisco no 4º Encontro Mundial dos Movimentos Populares: “Sabeis que sois chamados a participar nos grandes processos de mudança [...] O futuro da humanidade está, em grande medida, nas vossas mãos, na vossa capacidade de vos organizar e promover alternativas criativas”.

Nessa trajetória de 30 anos da construção do Brasil que queremos, almejamos o diálogo dos povos. Nosso compromisso de luta pela dignidade, justiça socioambiental e de uma “economia com alma”. Reafirmamos nossa solidariedade às famílias e vítimas do descaso do Governo Federal no enfrentamento da pandemia, conforme denuncia o relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da COVID-19.

Diante do projeto de morte expresso no gravíssimo quadro econômico, social, ambiental e político reafirmamos a urgência de construir um projeto internacionalista de solidariedade, irrigando o Bem Viver dos povos pela amorosidade que cuida e alavanca projetos de vida.

Estamos no meio da caminhada dos 4 anos da 6ª Semana Social Brasileira, desde o seu início em 2020. Avançamos nas articulações e reflexões, e agora o convite é avançar no Levante Popular que coloque nossos ouvidos e corações em escutar e sentir os clamores das pessoas que sentem fome e das que não tem terra, teto e trabalho. Por isso, conclamamos:

A continuar organizando os mutirões pela vida por terra, teto e trabalho, com soberania, democracia e outra economia;

No Trabalho seguir os projetos de Redução da jornada de trabalho e de uma renda básica universal. Apoiar e fortalecer os coletivos organizados em processos de autogestão e economia popular solidária, através das redes de cooperação e comercialização das iniciativas locais de geração de renda.

Terra e Teto não podem ser espaços de especulação imobiliária e exploração financeira do agronegócio produtor de fome para o povo, de violência no campo e conflitos urbanos, e sim, espaço de vida.

Afirmamos as resistências concretas em forma de agroecologia, luta por demarcação das terras indígenas e quilombolas, reforma agrária popular, luta contra a grilagem de terras, proteção de comunidades e lideranças ameaçadas e mobilização contra os despejos, auto-organização das mulheres, das juventudes, das periferias, ações para salvar nascentes e rios, contra a privatização das águas, contra o encarceramento em massa, luta sindical, direitos das pessoas com deficiências e idosas.

Não queremos morrer nem de fome, nem de bala e nem de vírus, queremos viver!

Vamos espalhando sementes de transformação, de ternura e teimosia.

Participantes do Seminário Nacional da 6ª Semana Social Brasileira

Equipe da coordenação executiva do Seminário Nacional de 6ª SSB, em Brasília (DF)

;?>Fonte: Diocese de Cachoeiro

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