• 30 de Outubro de 2024

Maria Peregrina - Parte II

Papa Francisco diante da imagem de Nossa Senhora de Fátima na Missa do Envio no Parque Tejo, em Lisboa Papa Francisco diante da imagem de Nossa Senhora de Fátima na Missa do Envio no Parque Tejo, em Lisboa (VATICAN MEDIA Divisione Foto)

VATICANO

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Jackson Erpen - Cidade do Vaticano

“Temos muitos títulos de Maria, mas, se pensarmos bem, há mais este que também poderíamos dizer: a Virgem «que sai correndo», sempre que há um problema; sempre que A invocamos, Ela não demora a vir; é solícita. Nossa Senhora solícita (...). Apressa-Se, para estar perto de nós, apressa-Se porque é Mãe. Em português, dizemos «apressada» – observa-me D. Ornelas. «Nossa Senhora apressada»! E é assim que acompanha a vida de Jesus; e não Se esconde depois da Ressurreição, acompanha os discípulos à espera do Espírito Santo; e acompanha a Igreja que começa a crescer depois do Pentecostes. Nossa Senhora que Se mostra solícita e Nossa Senhora que acompanha. Acompanha sempre. Nunca é protagonista. O gesto com que Maria Mãe acolhe é duplo: primeiro acolhe e depois aponta para Jesus. Maria, na sua vida, não faz senão indicar Jesus: «Fazei o que Ele vos disser». Segui Jesus. (Papa Francisco em Fátima)”

"Peregrinar" é um verbo que distingue também as Jornadas Mundiais da Juventude, que neste ano de 2023 em Lisboa teve por tema «Maria levantou-se e partiu apressadamente» (Lc 1, 39) . Em sua passagem pelo Santuário de Fátima no sábado, 5 de agosto, o Papa Francisco referiu-se a Virgem Maria como "Nossa Senhora solícita" e "Nossa Senhora apressada". Ela que, como mãe, acompanhou a vida de Jesus, foi às pressas às montanhas para auxiliar sua prima Isabel, já idosa. Maria Peregrina, também acompanha a nossa peregrinação terrena. Padre Gerson Schmidt*:

"No último dia 03 de agosto, dentro da programação da JMJ, o Papa Francisco encontrou-se com os jovens universitários na Universidade Católica Portuguesa (UCP), situada no centro de Lisboa, no âmbito da Jornada Mundial da Juventude. O Instituto é reconhecido como uma das melhores universidades de Portugal. A reitora da Universidade Católica Portuguesa, professora Isabel Capeloa Gil, dirigiu palavras de acolhida ao Papa. O Papa Francisco, agradecendo as palavras de acolhida, disse assim: "Obrigado, senhora reitora, pelas suas palavras".

O Papa, no início de seu discurso, afirmou "que todos nos sentimos «peregrinos», palavra esta cujo significado merece ser meditado". E continuou assim: "Na imagem do «peregrino», espelha-se a condição humana, pois todos somos chamados a confrontar-nos com grandes interrogativos para os quais não basta uma resposta simplista ou imediata, mas convidam a realizar uma viagem, superando-se a si mesmo, indo mais além. Trata-se de um processo que um universitário compreende bem, pois é assim que nasce a ciência. E de igual modo cresce também a busca espiritual", frisou o Santo Padre Francisco. E continuou dizendo assim: "peregrino é caminhar em direção a uma meta ou buscando uma meta. Há sempre o perigo de caminhar num labirinto, onde não há meta. Também não há saída. Desconfiemos das fórmulas pré-fabricadas - elas são labirínticas -, desconfiemos das respostas que parecem estar ao alcance da mão, daquelas respostas tiradas da manga como cartas de baralho; desconfiemos das propostas que parecem dar tudo sem pedir nada. Desconfiemos. A desconfiança é uma arma para poder seguir em frente e não ficar andando em círculos". "Procurar e arriscar: são os dois verbos do peregrino", sublinhou Francisco.

Estamos refletindo a dinâmica de Nossa Senhora Peregrina, dentro da perspectiva da Lumen Gentium, nos números 52 a 69, motivados pelo tema da JMJ de 2023: “Maria levantou-se e partiu apressadamente” (Lc 1,39). O Papa, tendo enviado uma mensagem com antecedência para a Jornada Mundial, já escrevia sobre a visita de Maria à sua prima Santa Isabel que é carregada de importância no sentido da superação da indiferença para com o próximo, para visitar espaços e pessoas necessitados de sua ajuda feita com carinho, com amor. Quando os passos humanos são habitados por Deus levam de uma forma direta ao coração dos irmãos, das irmãs, sobretudo dos jovens.

O Papa lembra as aparições que Maria fez, por graça do Senhor em muitos lugares pelo mundo afora, proporcionando ternura e compaixão, pedindo às pessoas, orações em favor da paz no mundo. Muitos santuários, capelas ergueram-se com a imagem de Nossa Senhora, fazendo os fiéis pedirem graças, para as suas necessidades e para o mundo. O Papa afirmou quantas expressões marianas percebem-se pela piedade popular. É a relação de proximidade entre a Mãe do Senhor e o seu povo que se visitam de uma forma recíproca.

Em Maria há uma pressa de peregrina, mas uma pressa fundamentada, diz o Papa Francisco. A pressa de voltar-se para o alto, para Deus e para o outro faz com que as pessoas busquem o essencial na vida. O Papa falou da pressa boa, interessante como foi a de Maria que era fundamentada em Cristo que carregava em vista de ajudar à sua prima Isabel. Se os jovens carregam também algumas pressas dêem lugar para o bem, para o mundo ser melhor, na família, na comunidade e na sociedade. Maria teve um encontro maravilhoso com Isabel, porque esta experimentou uma intervenção divina, porque o Senhor lhe deu na sua velhice um filho. A saudação de Maria fez com que Isabel ficasse cheia do Espírito Santo (Lc 1,41). O Espírito Santo vem em socorro da pessoa humana quando se vive uma verdadeira hospitalidade pelo fato de ter no centro o hóspede, o Senhor Jesus. Zaqueu acolheu bem a Jesus, com muita alegria, em sua casa (Lc 19, 5-6).

Na sua Encíclica Evangelii Gaudium, no número 287, o Papa Francisco já apontava assim a respeito de Maria como Guia e Estrela da Evangelização, peregrina e itinerante na fé: “À Mãe do Evangelho vivente, pedimos a sua intercessão a fim de que este convite para uma nova etapa da evangelização seja acolhido por toda a comunidade eclesial. Ela é a mulher de fé, que vive e caminha na fé, (cf. LG, 52-62) e «a sua excepcional peregrinação da fé representa um ponto de referência constante para a Igreja» (cf. Redemptoris Mater, 6). Ela deixou-Se conduzir pelo Espírito, através dum itinerário de fé, rumo a uma destinação feita de serviço e fecundidade. Hoje fixamos n’Ela o olhar, para que nos ajude a anunciar a todos a mensagem de salvação e para que os novos discípulos se tornem operosos evangelizadores (Proposito, 58). Nesta peregrinação evangelizadora, não faltam as fases de aridez, de ocultação e até de um certo cansaço, como as que viveu Maria nos anos de Nazaré enquanto Jesus crescia: «Este é o início do Evangelho, isto é, da boa nova, da jubilosa nova. Não é difícil, porém, perceber naquele início um particular aperto do coração, unido a uma espécie de “noite da fé” – para usar as palavras de São João da Cruz – como que um “véu” através do qual é forçoso aproximar-se do Invisível e viver na intimidade com o mistério. Foi deste modo efetivamente que Maria, durante muitos anos, permaneceu na intimidade com o mistério do seu Filho, e avançou no seu itinerário de fé» (cf. Redemptoris Mater, 17)”.

*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.

Fonte: Vatican News

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