• 25 de Junho de 2024

Psicólogos Solidários levam apoio psicossocial às vítimas das enchentes em Mimoso do Sul

Psicólogos Solidários levam apoio psicossocial às vítimas das enchentes em Mimoso do Sul

As enchentes causadas pelas fortes chuvas em Mimoso do Sul, no mês de março, não trouxeram apenas impactos materiais. Os danos psicológicos são sentidos pelas vítimas.

“Dentre as reações emocionais e comportamentais, posso destacar o sentimento de desamparo. A ausência de proteção ou recursos para reestruturar sua própria vida. Nesta situação, muitas vezes, é negada à essas pessoas um conceito básico: o pertencimento. Outras reações estão na própria tristeza, a angústia, a raiva, o choro, a preocupação com o futuro, a falta de apetite ou o excesso dele, e a insônia”, elenca o psicólogo e psicanalista, Wanderson Tófano.

“Também tem a possibilidade de ampliação de sintomas psicológicos de pessoas que já necessitam de um cuidado de saúde mental prévio. Não sabemos o que essas pessoas sentiram durante as enchentes e, nem mesmo, antes delas. Tudo isso são reações esperadas e temos que estar observando na prática, sobretudo, o que a psicologia pode oferecer”, finalizou.

Para atender a essa demanda de apoio psicossocial às vítimas das enchentes, o Vicariato Episcopal para Ação Social da Diocese de Cachoeiro de Itapemirim, através da Cáritas Diocesana, reuniu profissionais da área, como terapeutas e psicólogos, para compor uma equipe que, no próximo sábado, 25 de maio, estará voluntariamente em Mimoso do Sul, atendendo às vítimas afetadas. O projeto “Psicólogos Solidários” é coordenado por José Carlos Ferreira da Silva que, além de clérigo, é um renomado psicólogo com especialidade em neuropsicologia. José Carlos conta que diante desse cenário, o atendimento psicológico será voltado ao apoio prático.

“O principal objetivo do plantão psicológico é oferecer apoio psicológico emergencial às vítimas das enchentes, visando acolher, escutar e orientar as pessoas afetadas, promovendo o alívio do sofrimento emocional, o fortalecimento da resiliência e a facilitação do processo de adaptação e recuperação diante das perdas e traumas vivenciados.”

Em seguida, será feita uma orientação do que precisa ser oferecido de recursos para as famílias atingidas, conforme suas necessidades.

“Buscar identificar necessidades específicas e encaminhar para serviços de saúde mental e sociais apropriados, contribuindo para a reconstrução do bem-estar psicológico e social dos indivíduos e da comunidade impactada.

A psicóloga clínica Maria Mércia Pegoretti é uma das voluntárias. Com mais de 20 anos de experiência, ela conta que, em um primeiro momento, a intenção é ouvir e acolher o sofrimento das vítimas.

“As reações pós-traumáticas costumam aparecer dias ou semanas após o ocorrido, isso, porém, não é uma regra. O que faremos neste sábado é ouvir essas pessoas , conhecer suas dores, medos, descontentamentos (…) Nessas situações, algumas pessoas conseguem sozinhas se reorganizarem psicologicamente, com o passar do tempo. Há casos, porém, de pessoas já pré-dispostas à desenvolverem transtornos e que, nesta enchente, pode ter encontrado um gatilho”, explicou a especialista.

A cidade de Mimoso do Sul foi a mais atingida do estado. 18 das 20 mortes aconteceram no local, uma pessoa segue desaparecida e 3 mil estão desalojadas. Moradores e comerciantes tentam retomar as atividades e aguardam a liberação de auxílios.

Maitê perdeu tudo, tanto em casa quanto na vida profissional. A empresária conta que foi retirada de um barranco por uma corrente ao lado da mãe, filha e esposo depois das fortes chuvas atingirem a casa onde moram no município de Mimoso do Sul. Porém, a situação calamitosa não acabou ali. Quando o dia clareou, ela encontrou a farmácia dela totalmente destruída e tomada pela lama.

Em um cenário de desastre ambiental, os impactos à saúde mental são observados para além das vítimas diretas.

“Esse trabalho visa ajudar a elaborar esse luto diante dessas perdas, é uma situação bastante traumática, o evento acometeu uma cidade inteira, sem distinção de classe social. As pessoas perderam o básico necessário para a vida (casa, roupas, alimentos). Atingiu a integridade física e emocional, houve perdas permanentes que são as recordações de fotografias, objetos de família, de bens materiais, muitas pessoas perderam inclusive a fonte de renda que é o trabalho”, explica a psicóloga e psicanalista, Luilma Pinto, que também se voluntariou para atuar no atendimento das vítimas.

“O trabalho do psicólogo que será desenvolvido é acolher essa demanda de forma singular, porquê ao mesmo tempo que pessoas perderam absolutamente tudo, ficaram à mercê de abrigos e doações, sem recurso nenhum, se depararam frente a um real da vida, da morte, do desamparo, da angústia e do nada.
Precisamos desenvolver um trabalho de resiliência, de que há possibilidade de reconstrução, levar esperança de que é possível superar, uma perspectiva de ressignificar esse momento tão doloroso.”

▪️ Serviço

Psicólogos Solidários

Dia: 25 maio (sábado)

Hora: 09h00 às 15h00

Local: Igreja Matriz de Mimoso do Sul

Agendamento: (28) 2101-7629

Fonte: Diocese de Cachoeiro

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