• 20 de Setembro de 2024

O Líbano à beira do abismo

Desde 1975 o Líbano não conhecer o que é paz e estabilidade Desde 1975 o Líbano não conhecer o que é paz e estabilidade (ANSA)

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por padre Gabriel Hachem*

Desde a eclosão da guerra civil em 1975 até hoje, o Líbano, um pequeno país do Oriente Médio, nunca conheceu a paz e a estabilidade. A população, incluindo os cristãos, resistiu e continua a resistir. Mas desde o dia 7 de outubro e do início da guerra em Gaza e em Israel, tendo em conta o conflito com o Hezbollah, que tem nas mãos o destino do país e decide sobre a guerra e a paz, a situação tornou-se infernal, não só na região sul, próximo da fronteira com Israel, mas em todo o Líbano, com uma paralisia econômica e política que corre o risco de pôr em perigo a própria identidade do país.

O Líbano está há quase dois anos, um cargo institucional que no sistema libanês cabe aos cristãos e representa um símbolo de coexistência e respeito pela pluralidade. O governo também se demitiu, os ministérios só tratam dos assuntos correntes em um momento em que o país necessita mais do que nunca de decisões para o seu futuro, a sua identidade e a sua estabilidade.

Os desafios políticos regionais e internacionais complicam a causa libanesa e deixam a população na incerteza e na angústia. Os jovens, quer muçulmanos como cristãos, se apressam em deixar o Líbano para buscar refúgio e um futuro melhor no exterior. Os pais, que muitas vezes não dispõem de meios econômicos próprios devido à crise financeira e bancária que assolou o país há quase cinco anos, esperam ajuda e solidariedade dos filhos ou de associações caritativas e ONGs para comprar medicamentos e satisfazer as suas necessidades primárias de sobrevivência.

Não obstante as tentativas, a diplomacia do Vaticano não conseguiu convencer os líderes dos partidos políticos cristãos a chegar a um acordo sobre um candidato à presidência e a por fim ao caos atual. As diversas Igrejas estão trabalhando por meio de suas associações de caridade para apoiar a população. Mas, acima de tudo, falta aos libaneses um sinal de esperança que pré anuncie o fim da corrupção, da violência, da guerra e da instabilidade. Neste meio tempo, aqueles que não conseguiram sair da crise financeira, lutam para sobreviver, enquanto outros que conseguiram regularizar a própria situação financeira e adaptar-se à dolarização aproveitam a oportunidade para relaxar, buscando tranquilidade e ar puro nas montanhas.

O verão é um bom momento para os encontros das famílias divididas pela emigração, mas este ano até este belo costume foi virado do avesso. Aqueles que vieram de longe para apoiar as próprias famílias e passar férias com elas, tiveram que partir às pressas devido à situação e na sequência dos apelos dos países ocidentais para deixarem o Líbano, que corre o risco de se tornar um palco da guerra. Outros levaram as suas famílias para o estrangeiro para proporcionar aos seus entes queridos um momento de repouso e trégua. A ansiedade reina e a incerteza parece ter sido coroada rainha da situação.

O medo reina por tudo e sobre todos. Os pais que ficaram com os seus filhos e jovens estão preocupados com as mensalidades escolares e universitárias, com o custo exorbitante dos seguros médicos e dos medicamentos, com o custo de vida, com a guerra, com a destruição, com o desconhecido... Porém, no dia 2 de agosto , a beatificação do Patriarca Douaïhy foi um momento de oração, esperança e serenidade.

Que os santos libaneses e Nossa Senhora do Líbano zelem por este país neste momento de extrema dificuldade. (Agência Fides)

* Padre Gabriel Hachem é sacerdote, teólogo da Université Saint-Esprit de Kaslik, membro da Comissão Teológica Internacional

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Fonte: Vatican News

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