• 12 de Março de 2025

Exercícios Espirituais no Vaticano, 2ª Meditação: “O fim de todo Juízo”

Exercícios Espirituais no Vaticano - Sala Paulo VI Exercícios Espirituais no Vaticano - Sala Paulo VI

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O fim de todo Juízo

A parábola do Juízo Final, narrada no Evangelho de Mateus e retratada no famoso afresco de Michelangelo, é comumente interpretada como um chamado à caridade. No entanto, uma análise mais detalhada revela uma perspectiva surpreendente: não se trata de um julgamento no sentido tradicional, mas de uma declaração que revela a realidade já vivenciada por cada pessoa. O critério para o acesso ao Reino não é a pertença religiosa, mas o amor concreto para com os irmãos e irmãs mais humildes, que, na perspectiva evangélica, representam os discípulos de Cristo. Portanto, a responsabilidade dos cristãos não é primordialmente fazer o bem, mas permitir que outros o façam.

Além disso, a parábola subverte o senso comum de julgamento: tanto os justos quanto os ímpios demonstram espanto com as palavras do Rei, sinal de que o bem praticado neles foi vivido de forma natural e inconsciente. Isso sugere que o acesso à vida eterna não depende do desempenho moral, mas da capacidade de viver no amor sem cálculos.

O Catecismo afirma que, no final dos tempos, o Reino de Deus se manifestará plenamente, transformando a humanidade e o cosmo em “novos céus e nova terra” (CIC 1042-1044). Essa esperança está enraizada na promessa de Cristo, que nos chama a viver já agora nessa perspectiva, sem ansiedade de desempenho, mas com a confiança de que é o próprio Deus que transformará nossa humanidade à sua imagem e semelhança, de acordo com o desígnio de amor que vem desde o princípio.

Jesus anunciou a vida eterna não como uma realidade futura e distante, mas como uma condição já acessível àqueles que ouvem sua palavra e acreditam no Pai (Jo 5,24). O Evangelho nos convida a reconhecer que a vida eterna já começou: ela se manifesta na maneira como vivemos e amamos, abrindo-nos à presença transformadora de Deus. A verdadeira surpresa do Juízo Final será descobrir que Deus não tinha nenhuma expectativa em relação a nós, exceto a de nos reconhecer plenamente como seus filhos, já imersos na sua eternidade.

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Fonte: Vatican News

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