• 13 de Maio de 2025

Conheça a missionária capixaba que doa a vida pela evangelização na África

Conheça a missionária capixaba que doa a vida pela evangelização na África

A partir da premissa de que “Jesus Cristo é a missão”, muitos católicos compreendem e vivem ações missionárias inspirados no que os primeiros apóstolos afirmavam: “Não podemos deixar de falar sobre o que vimos e ouvimos” (At 4,20).

Estas duas frases, são, de fato, uma realidade na vida Aurora Côgo, da Congregação do Instituto Religioso das Irmãs de Jesus na Eucaristia. A religiosa capixaba já foi diretora do Colégio Jesus Cristo Rei, em Cachoeiro de Itapemirim, Supervisora Geral da Congregação no Brasil e há 15 anos está em missão em Angola, na África. Ela voltou ao Brasil no início deste mês de maio para representar um grupo das irmãs, que está em Angola, para o Capitulo Geral da Congregação.

Encontro com Jesus

Nascida em Muniz Freire, cidade no Caparaó do Espírito Santo, tendo a Paróquia de Piaçu como origem, em entrevista, a irmã Aurora Côgo revelou a dimensão de seu amor à Cristo pelo cuidado com as pessoas. Igualmente ela nos contou acerca do nascimento, aos 08 anos de idade, do desejo de renunciar seu próprio eu e, assim, viver uma vida de oração e de dedicação aos outros, aos filhos carentes e necessitados de cuidados em suas dimensões física, emocional e espiritual.

O desejo missionário da irmã nasceu quando, aos 08 anos, viu seu irmão Padre Jaci Côgo, aos 10 anos, ir para o Seminário Salesiano de Jaciguá para estudar e, após todo o processo, se tornar o padre, que hoje é.

Na época, ao ver o irmão mais velho sair de casa rumo ao seminário e ver a movimentação da família, precisamente os cuidados da mãe na preparação dessa saída do filho, a Irmã Autora desejou servir a Deus, manifestando a intensão do coração à genitora.

Chamado de Deus

Passado décadas do ocorrido, ainda se lembra da ternura da mãe explicando que, embora mulher, também poderia servir, não como padre, mas como Irmã de Caridade. Ainda sem compreender o que significava a complexidade disso, porque contava apenas com 08 anos, afirmou que gostaria de se tornar uma irmã de caridade que, nos termos explicados pela mãe, “eram mulheres que ficavam atrás de uma grade orando por suas almas e pelas almas dos outros”.

Nesse dia, nasceu uma semente no coração da Aurora de modo que o irmão, Padre Jaci, sempre enviava materiais de estudo do seminário e, em qualquer evento em que se deparasse como uma Irmã de Caridade, fazia perguntas e manifestava o interesse em ser consagrada.

Sem entender seu chamado missionário, mas ansiosa por servir, aos 13 anos de idade, apesar de ainda muito nova, conseguiu ingressar na Congregação Ginásio Divino Rei na cidade de Colatina.

Assim, aos 13 anos, começou o processo que, um dia, lhe tornaria Irmã Congregação do Instituto Religioso das Irmãs de Jesus na Eucaristia.

Passados 70 anos, ainda fala com alegria e com amor de seu desejo e dos processos enfrentados até que, em missão fora no Brasil, continuasse a plantar o cuidado concreto de Deus e, por meio da oração e do serviço, fosse instrumento de Deus com objetivo de permitir a salvação de almas.

Missão na África

Segundo a religiosa, o despertar para sair em missão na África surgiu após um trabalho, no qual a irmã Aurora participou assiduamente. Esse se fundamentava na construção da autoaceitação e do amor próprio em padres e irmãs negras, ainda com as dores oriundas de um absurdo período anterior de escravidão.

Esse trabalho floresceu de maneiras diversas pois, além do alcance às questões espirituais e emocionais, começou-se a ver as mulheres negras aceitando seu estilo natural, (cabelos crespos) e se amando tal como são, o que alegrou o coração da Irmã.

Porque aprendeu a amar a realidade da negritude, se ofereceu para essa missão na África e, após ser recebida em Angola, esse labor missionário teve início.

Alegria e desafios

Apesar dos desafios, na África tem vivenciado experiências únicas, inclusive, relatou que os missionários precisam de sentir, na própria pele, a realidade do povo africano. A título de exemplo citou a limitação dos alimentos, que são fracos e poucos, pois tudo é caríssimo naquele lugar.

Em razão da dificuldade de transporte e da escassez financeira, nesse trabalho missionário ainda não têm condição de distribuir alimentos, limitando a, nos casos de pessoas mais necessitados, dividir o próprio alimento.

Contudo, apesar da falta de alimentos físico suficiente, o que, pela falta de condição financeira, é falho, os missionários, inclusive a irmã Aurora, distribuem outros alimentos, também essenciais a uma população carente em tudo, são eles: alimentos por meio de um sorriso; de uma atenção; através da presença sentindo junto ao povo às mesmas dores que ele sente, o que já revela a alegria do povo que se sente valorizado e amado.

Levar o amor

Outro trabalho importante é a oração, pois, naquelas condições, sem oração não há esperança; não há vida e, em meio a grande carência, o povo confia na oração das irmãs e as procuram para desabafar e, ao fim, receber oração que renova a esperança. O trabalho missionário é essencial porque o povo é carente de tudo.

Pobreza e exploração

Ao descrever o contexto de Angola, em síntese relata: há grande exploração do povo, mas nenhuma política pública ou social. Isso, apesar de Angola ser riquíssima, pois, no local, existem montanhas de diamantes que são extremamente explorados e valiosos, mas sem qualquer contrapartida positiva a comunidade cujas ações dos governantes se limitam à exploração desmedida.

Assim, em síntese, apesar da riqueza explorada no local (diamantes), apesar de ter o terceiro maior rio local, não existe esgoto, nem água encanada, tem muita poluição, muita doença sem saúde pública, pessoas morrendo de malária, mas sem nenhuma política social. Segundo a Irmã Missionária, parece que os governantes querem que o povo morra.

Brasileira com o coração africano

Diante dessa realidade, a população brasileira pode contribuir muito com doações de dinheiro, pois as irmãs não teriam como levar produtos materiais.

Depois de conhecer aquela realidade, aprendeu a amar aquele povo de modo que, quando está no Brasil, sente arder no coração o desejo de que o povo africano tenha o que temos aqui, pois se sente, além de brasileira, africana.

Fotos

Fonte: Diocese de Cachoeiro

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