Igreja celebra São José de Anchieta, o Apóstolo do Brasil

A Igreja Católica celebra nesta segunda-feira, 9 de junho, a festa litúrgica de São José de Anchieta, conhecido como o “Apóstolo do Brasil”. Missionário jesuíta e figura central na evangelização do território brasileiro no século XVI, Anchieta é considerado um dos grandes responsáveis pela propagação da fé cristã entre os povos indígenas. Neste ano, a celebração foi suprimida no calendário litúrgico, por coincidir com a memória obrigatória de Nossa Senhora, Mãe da Igreja, comemorada na segunda-feira seguinte à Solenidade de Pentecostes.
Nascido em 1534, na ilha de Tenerife, nas Canárias (Espanha), José de Anchieta chegou ao Brasil em 1553 e dedicou 43 anos à missão evangelizadora, especialmente entre os povos originários. Além do trabalho pastoral, foi educador, poeta, dramaturgo, gramático, linguista e historiador, sendo autor da primeira gramática da língua tupi.
A atuação de Anchieta no Brasil começou após seu ingresso na Companhia de Jesus, em 1551, e o envio à então colônia portuguesa dois anos depois, mesmo enfrentando problemas de saúde. Logo passou a atuar diretamente com os indígenas, fundando colégios, igrejas e povoados — entre eles o núcleo que daria origem à cidade de São Paulo, com a inauguração do Colégio de Piratininga, em 25 de janeiro de 1554.
Evangelização com respeito à cultura indígena
O método de evangelização de Anchieta e de seus companheiros, como o padre Manoel da Nóbrega, se destacou pelo respeito às culturas locais. Eles difundiam os ensinamentos cristãos sem impor costumes europeus, sendo também críticos aos abusos cometidos por colonizadores portugueses contra os indígenas. A postura de defesa e diálogo com os povos nativos tornou-se uma das marcas da missão jesuíta no Brasil.
Durante um episódio de conflito com a tribo dos tamoios, em 1563, Anchieta chegou a se oferecer como refém voluntário para negociar a paz, permanecendo cinco meses em cativeiro em Iperoig (atual Ubatuba, São Paulo). Foi nesse período que compôs, de memória e escrevendo na areia da praia, um poema em honra à Virgem Maria, como forma de manter-se fiel ao voto de castidade.
Anchieta foi ordenado sacerdote em 1566, fundou o povoado de Reritiba (atual Anchieta, no Espírito Santo) e, em 1577, foi nomeado provincial da Companhia de Jesus no Brasil, cargo que exerceu por oito anos. Faleceu em 9 de junho de 1597, aos 63 anos, após se retirar para Reritiba, onde passou seus últimos anos.
Canonização e legado
Apesar de sua importância histórica e espiritual, Anchieta foi canonizado apenas 417 anos após sua morte. Sua canonização foi oficializada pelo Papa Francisco, por decreto assinado em 3 de abril de 2014. Poucos dias depois, em 24 de abril, o pontífice celebrou uma missa em ação de graças na Igreja dos Jesuítas, em Roma. Antes disso, havia sido beatificado pelo Papa João Paulo II, em 1980.
Reconhecido como padroeiro dos catequistas do Brasil desde 2013, título confirmado pelo Vaticano em 2015, Anchieta continua sendo uma referência para a ação missionária da Igreja.
“Ele nos ensina a sair das nossas casas, igrejas e comunidades para ir ao encontro do próximo, levando o amor e a Palavra de Deus”, afirmou o cardeal Orani João Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro, em artigo publicado no site da CNBB.
A festa de São José de Anchieta é um convite, segundo dom Orani, para que os fiéis renovem o ardor missionário e se tornem “construtores de esperança e de paz”, a exemplo do santo que marcou profundamente a história da fé no Brasil.
Confira (aqui) o artigo do cardeal Orani sobre São José de Anchieta na íntegra.
Fonte: CNBB