• 5 de Outubro de 2024

O Bom Samaritano

O Bom Samaritano

A Congregação para a Doutrina da Fé divulgou, na terça-feira, 22 de setembro, a carta Samaritanus Bonus – sobre o cuidado das pessoas nas fases críticas e terminais da vida. O texto parte da imagem do Bom Samaritano (cf. Lc 10, 30-37) e apresenta reflexões e aprofundamentos sobre os temas do acompanhamento e cuidado dos enfermos do ponto de vista teológico, antropológico e médico-hospitalar. Segundo o prefeito da Congregação, cardeal Luís Ladaria Ferrer, a carta aborda tais temáticas “focalizando também algumas questões éticas relevantes, implicadas na proporcionalidade das terapias e no que diz respeito à objeção de consciência e acompanhamento pastoral dos doentes terminais”.

Recordando o ensinamento da Igreja sobre a temática do fim da vida, contido em documentos do magistério, como a encíclica Evangelium vitae, de São João Paulo II; a Declaração Iura et bona da Congregação para a Doutrina da Fé e a Nova Carta dos Profissionais de Saúde, do então Pontifício Conselho para os Trabalhadores da Saúde, bem como em discursos e intervenções dos últimos Papas, o cardeal ponderou que “um novo pronunciamento orgânico da Santa Sé sobre o cuidado das pessoas nas fases críticas e terminais da vida parecia adequado e necessário em relação à situação atual, caracterizada por um contexto legislativo civil internacional cada vez mais permissivo em relação à eutanásia, suicídio assistido e disposições sobre o fim da vida”.

Segundo dom Giacomo Morandi, secretário da Congregação para a Doutrina da Fé, é próprio da comunidade cristã, da Igreja na sua própria natureza, “acompanhar com misericórdia os mais fracos no seu caminho de dor, manter neles a vida teológica e encaminhá-los para a salvação de Deus”. O secretário destacou que a Igreja não cessa de afirmar “o sentido positivo da vida humana como valor já perceptível pela justa razão, que a luz da fé confirma e valoriza na sua dignidade inalienável” e que “o Magistério da Igreja tem em mente e deseja reafirmar com clareza o bem integral da pessoa humana”.

A estrutura da carta

A Carta Samaritanus Bonus está dividida em cinco capítulos. O primeiro, Cuidar do Próximo, aborda o reconhecimento do profundo valor da vida humana e seu cuidado, mesmo diante da fraqueza e da fragilidade. No segundo capítulo, A experiência viva do Cristo Sofredor – o anúncio da esperança, soma-se à figura do Bom Samaritano, a imagem de Cristo Sofredor: na sua agonia na Cruz e na sua ressurreição manifestam-se “a proximidade do Deus feito homem às múltiplas formas da angústia e da dor, que podem atingir os doentes e os seus familiares, durante os longos dias da doença e no final da vida”.

Na sequência, O “coração que vê” do Samaritano: a vida humana é um dom sagrado e inviolável, trecho que destaca que o homem, em qualquer condição física ou psíquica em que se encontre, mantém a sua dignidade originária de ser criado à imagem de Deus. O quarto capítulo trata dos Os obstáculos culturais que obscurecem o valor sagrado de cada vida humana, fatores da atualidade que limitam a capacidade de colher o valor profundo e intrínseco de cada vida humana, como um uso equivocado do conceito de “morte digna”, uma compreensão errônea do conceito de “compaixão”, o individualismo crescente e uma concepção utilitarista geral da existência.

No último capítulo, são apresentadas orientações à luz do Ensinamento do Magistério para várias situações. São elas:

1. A proibição da eutanásia e do suicídio assistido
2. A obrigação moral de excluir a obstinação terapêutica
3. Os cuidados básicos: o dever de alimentação e hidratação
4. Os cuidados paliativos
5. O papel da família e das casas de acolhida (hospice)
6. O acompanhamento e o cuidado em idade pré-natal e pediátrica
7. Terapias analgésicas e supressão da consciência
8. O estado vegetativo e o estado de consciência mínima
9. A objeção de consciência por parte dos profissionais da saúde e das instituições sanitárias católicas
10. O acompanhamento pastoral e o apoio dos sacramentos
11. O discernimento pastoral para quem pede eutanásia ou suicídio assistido
12. A reforma do sistema educativo e da formação dos profissionais da saúde

Clique e confira a íntegra da carta no site do vaticano.

Informações e imagens: CNBB

Fonte: Diocese de Cachoeiro

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