Guardado no Coração
Dom Luiz Mancilha Vilela, SS.CC, nasceu em 1942 no município mineiro de Pouso Alto. Filho de José Vilela de Mancilha e de Olívia Mancilha Mende, ordenou-se sacerdote em 21 de dezembro de 1968, na cidade de Belo Horizonte, pertencendo à Congregação dos Sagrados Corações de Jesus e Maria e da Adoração Perpétua do Santíssimo Sacramento do Altar (SS.CC).
Após sua ordenação, trabalhou como coordenador de Pastoral Vocacional na Província da Congregação dos Sagrados Corações (SSCC). O Processo vocacional, inclusive, foi um caminho de que sempre gostou e que valorizou ao longo de sua trajetória.
Em 3 de dezembro de 1985, o Papa João Paulo II nomeou o então Padre Luiz Mancilha como bispo diocesano de Cachoeiro do Itapemirim. Sua ordenação episcopal ocorreu em 22 de fevereiro de 1986 pelo Cardeal Dom Serafim Fernandes de Araújo.
No mesmo ano, assumiu a Diocese do Sul Capixaba, tendo como lema episcopal Pastor Gregem Pascet (O Pastor apresentará o Rebanho). Foram 17 anos pastoreando a Diocese sulina do Espírito Santo, quando, no ano de 2003, foi nomeado Arcebispo Coadjutor da Arquidiocese de Vitória (ES).
Pastoreio na Diocese de Cachoeiro
Em sua solicitude pastoral, desde o primeiro dia de seu pastoreio, colocou claramente o conteúdo programático de sua missão: evangelizar anunciando a Palavra de Deus; dinamizar e organizar a pastoral sacramental e a Pastoral de Conjunto - sempre em sintonia com o Concílio Vaticano II e com as orientações da CNBB; e incrementar as Pastorais Vocacionais, Familiar, Litúrgica, Catequética, da Juventude e da Saúde.
Uma de suas grandes características foi revelar-se um ótimo administrador, muito dinâmico e com grande senso de empreendedorismo, determinado a alcançar os objetivos propostos.
Nos primeiros anos, Dom Luiz encontrou fiéis e clero um tanto divididos. De um lado, o trabalho renovador das CEB’s; de outro, os movimentos e associações religiosas com uma linha mais tradicional. Começou então um trabalho de esclarecimentos no meio do clero e dos leigos no sentido de que houvesse na Diocese pluralidade, liberdade e criatividade, mas, na caridade e na unidade, tendo todos os mesmos objetivos: evangelizar. Pouco a pouco os obstáculos foram sendo transpostos.
Após conhecer melhor a realidade geográfica e pastoral da Diocese, Dom Luiz Mancilha Vilela apresentou o projeto de dividi-la em Regionais, com a intenção de facilitar o entrosamento dos padres, o trabalho pastoral e a corresponsabilidade.
Sempre preocupado com a pastoral vocacional, investiu para o aumento do número de vocações sacerdotais e religiosas. A Pastoral Vocacional recebeu novo dinamismo, sendo criados os seminários, a Escola Diaconal Santo Estevão e o Instituto Dom Luiz Gonzaga Peluso (para vocacionados ao diaconato permanente).
Nos ministérios leigos, em vista do crescimento das CEB’s, surgiram novos ministérios: Ministro Extraordinário da Sagrada Comunhão, Testemunhas qualificadas do Matrimônio e Pregadores da Palavra de Deus nas celebrações Litúrgicas. A Igreja de Cachoeiro, em consonância com as demais do Estado, tornou-se toda ministerial, na qual o Leigo assume sua cidadania batismal de servidor do povo de Deus.
Em 24 de agosto de 2022, Dom Luiz Mancilha falece em virtude de complicações hepáticas, deixando saudade por onde passou e um carinho enorme em todos que cativou.
Testemunhos da Diocese de Cachoeiro
- Em 23 de agosto de 2022, o homem de Deus partiu. Notícia dolorosa e difícil... Porém tive o privilégio de trabalhar, conviver e conhecer Dom Luiz Mancilha Vilela, SS.CC., enquanto Bispo da Diocese de Cachoeiro de Itapemirim. Foram 3 anos, mas o suficiente para perceber seu amor a Deus, à Nossa Senhora e à Igreja. Homem Justo, administrador correto, leal, transparente e fiel à Igreja. Cumpriu lindamente sua missão. O Céu se orgulha de sua doação. Descanse em paz, grande Pastor de Deus! – Maristela Posse, ex-tesoureira da Cúria Diocesana de Cachoeiro de Itapemirim.
- Dom Luiz Mancilha foi pastor, espiritualista e empreendedor. Homem que buscou comunicar e realizar o projeto de Deus. Muitas coisas existentes em nossa Diocese de Cachoeiro de Itapemirim devemos a ele: a Rádio Diocesana, Seminários, Escola Diaconal, Cenáculo etc. No entanto, o que mais chamou atenção foi a sua capacidade de escuta do diferente. Não esqueço do seu pedido: “Nos erros e nos acertos, seja amiga dos padres.” - Sinéia Sabra Baião Fiori.
- Pude fotografar Dom Luiz Mancilla algumas tantas vezes – e meu olhar sempre era preenchido quando ele celebrava e nos levava a celebrar com ele. E se agigantava diante da imagem, porque a imagem cedia à força do Espírito que o conduzia. Ele tinha grande noção dos recursos humanos que servem a Cristo, que servem à missão da Igreja. Era bonito ver como ele fluía na sua missão de pastor à frente da Liturgia – e a liturgia fluía naturalmente de seus gestos e de sua voz. Em nosso encontro mais recente, na Ordenação Episcopal de Dom Andherson Franklin, ele me presenteou com algo maior do que eu podia pensar: de repente me surpreendi estando em frente a Dom Dario, Dom Luiz Fernando e Dom Mancilla, ao que ele, olhando-me carinhosamente, como que do nada, disse aos irmãos de episcopado: “Eis aí quem conta as nossas histórias” - André Fachetti Lustosa, fotógrafo
- Dom Luiz Mancilha Vilela foi quem me ordenou em 08 de fevereiro de 1987. Ele ainda estava no seu primeiro ano de episcopado. Foi uma benção ter cooperado com a missão episcopal dele. Construímos um vínculo de trabalho evangelizador juntos e um vínculo de profunda confiança. Assumi grandes responsabilidades na nossa diocese de Cachoeiro de Itapemirim sempre com o apoio dele. Ele me enviou para estudar em Roma, dando todo apoio nos estudos e mantendo contato com excelentes cartas. Quarta-feira, dia 17/08/2022, eu o visitei no hospital em Vitória e, brevemente, recordamos com alegria um pouco da nossa história. Dom Luiz tem um lugar muito bom no meu coração. Despeço agradecido por ter tido sua presença em minha vida! Deus lhe dê o descanso eterno e a luz perpétua o ilumine! – Pe. Antônio Tatagiba Vimercat, Pároco da Paróquia São Pedro Apóstolo, de Venda Nova do Imigrante.
- Dom Luiz deixou muito boas recordações entre nós. Sempre muito enérgico, idealizador e de bom coração. Amante da Igreja e muito crente no poder evangelizador das Comunidades Eclesiais. Sua pressa em realizar as coisas não nos estressava, porque quando não dava muito certo, ele mesmo ria delas. Como um genuíno mineiro, agia sempre com muita cautela, muito atento ao freio, mas também ao acelerador do entusiasmo de uma Igreja que vivia as emoções pastorais de seu segundo bispo. Dom Luiz nasceu bispo em Cachoeiro, pois foi aqui que se deu sua ordenação episcopal. Nós o conhecemos padre Luiz. Carregou por muito tempo a chave de sua casa pendurada num chaveiro com o nome “padre Luiz”. Se foi para ele importante se tornar bispo, quanto mais para nós que vimos o seu nascimento para essa missão. Crescemos juntos por mais de 15 anos - ele e a nossa Igreja diocesana - num aprendizado mútuo. A ele, portanto, a gratidão filial de toda a nossa diocese. A Deus a nossa ação de graças pelo tempo que ele viveu entre nós. - Pe. João Batista Maroni, Vigário Episcopal para Ação Pastoral.
-Guardo no coração o carinho paternal que sempre demonstrou por mim. Homem de fé, de coragem e de uma paixão pelo Reino impressionante. Depois que ficou emérito, parece-me que começou a sonhar ainda mais com um mundo novo. Agradeço a Deus pela presença dele em minha vida e ministério e suplico que descanse em paz, na presença de Deus, por quem viveu na dedicação total aos irmãos e irmãs. Que seu exemplo seja imitado e sua memória abençoada. - Pe. José Carlos Ferreira da Silva, Vigário Episcopal para Comunicação.
- A minha convivência com Dom Luiz Mancilha foi pequena, no entanto, convivo no cotidiano pastoral com a sua presença e testemunho revelado nos depoimentos e testemunhos dos padres, leigos e diáconos. Na minha percepção sua vida e ministério marcou com o amor de Deus a vida de nossa Igreja diocesana de Cachoeiro. Carregaremos no coração o seu exemplo de dedicação a Deus e aos irmãos e irmãs - Dom Luiz Fernando Lisboa, CP, arcebispo-bispo da Diocese de Cachoeiro de Itapemirim
Fotos: André Fachetti
;?>Fonte: Diocese de Cachoeiro