Escola Diocesana de Fé e Política é criada na Diocese de Cachoeiro de Itapemirim
A tarde desta quinta-feira, 13 de novembro, entrou para a história da Diocese de Cachoeiro de Itapemirim. Em um encontro realizado na Cúria Diocesana, foi oficialmente criada a Escola Diocesana de Fé e Política, um espaço de formação, diálogo e discernimento que tem como objetivo unir fé e compromisso social, à luz do Evangelho e da Doutrina Social da Igreja.
O momento reuniu o bispo diocesano, Dom Luiz Fernando Lisboa, CP, padres, lideranças leigas, representantes de movimentos sociais, sindicais e pastorais, além de comunidades da agricultura familiar vindas de diversas regiões da diocese, como Alegre, Jaciguá e Atílio Vivácqua. O encontro contou ainda com a presença especial do doutor Maurício Abdalla, professor de Filosofia na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e coordenador pedagógico da Escola de Fé e Política da Arquidiocese de Vitória, que compartilhou a experiência já consolidada na capital e inspirou o início da caminhada em Cachoeiro.
Segundo Abdalla, a criação da escola em Cachoeiro é parte de um movimento que vem se expandindo por todo o país e tem produzido frutos significativos nas dioceses onde foi implantada. “Esse encontro foi para a gente poder também fazer uma experiência de formação em fé e política, ou seja, a criação da Escola de Fé e Política também na Diocese de Cachoeiro. Nós temos essa experiência em várias dioceses do Brasil. Na Arquidiocese de Vitória já temos uma escola funcionando há quatro anos, formando a quarta turma. É uma experiência tão boa, inclusive com a participação de alunos daqui da diocese, que ela precisa se disseminar”, explicou.
Durante sua fala, o professor abordou também o papel da escola diante dos desafios políticos atuais. Para ele, vivemos um tempo em que a compreensão sobre o que é política foi distorcida. “A sociedade não está polarizada politicamente; ela está deformada politicamente. Polarização é quando há dois extremos que não se comunicam. O que temos, na verdade, é uma deformação do sentido da política. Há pessoas que não sabem sequer a função de um deputado, e políticos que não entendem o que fazem em um parlamento. Uma escola de fé e política vem justamente para reverter essa deformação, oferecendo uma formação cidadã inspirada na melhor política, aquela que busca o bem comum, a justiça social e o cuidado com os mais pobres, como ensina o Papa Francisco”, destacou.
Abdalla explicou que, na Arquidiocese de Vitória, a Escola de Fé e Política é um organismo oficial da Igreja, vinculado ao Vicariato de Ação Social, Política e Ecumênica, e funciona com um curso anual dividido em quatro módulos presenciais, realizados em fins de semana, em regime de internato. Os alunos permanecem no local durante todo o módulo, participando de aulas, trabalhos em grupo e momentos de oração. Entre os módulos, são criados grupos de estudo que se reúnem para leituras e debates, garantindo a continuidade da formação. A escola também realiza outras atividades ao longo do ano, como seminários, lançamento de livros e reflexões sobre temas sociais e eclesiais, a exemplo da encíclica Fratelli Tutti.
O bispo diocesano, Dom Luiz Fernando Lisboa, destacou a importância dessa iniciativa para fortalecer a presença transformadora dos cristãos na sociedade. “Hoje nasceu a Escola de Fé e Política da Diocese de Cachoeiro de Itapemirim. Ela será da responsabilidade de dois vicariatos nossos: o Vicariato da Ação Pastoral e o Vicariato da Ação Social. Os dois vigários, padre Evaldo Praça Ferreira e padre João Batista Maroni, junto com uma equipe de leigos, vão começar a elaborar o programa dessa escola”, anunciou.
Dom Luiz explicou que o ano de 2026 será dedicado à preparação e à realização de atividades introdutórias, enquanto os módulos formativos terão início em 2027. “A importância dessa escola é fundamental. Precisamos ligar mais a fé com a vida do dia a dia. Aquilo que nós rezamos nas celebrações precisa ter consequência na vida prática. Quando falamos de fé e política, falamos da política do bem comum, da inclusão, do cuidado com todas as pessoas, especialmente os mais pobres e vulneráveis. A Igreja não tem partido, mas faz a política do bem comum, que busca o bem de todos”, afirmou.
Para o bispo, a Escola Diocesana de Fé e Política é um instrumento pastoral e evangelizador, que permitirá aos cristãos refletir de forma mais profunda sobre o papel da fé na transformação social. “Montar uma escola de fé e política é justamente dar um espaço de reflexão para que os cristãos saibam que sua fé tem consequências concretas, que precisam ser visíveis no cotidiano por meio de atitudes e práticas transformadoras”, completou.
O encontro contou com a presença de quatro padres e de diversas lideranças representando diferentes setores e regiões da diocese. Participaram também três leigos da Diocese de Cachoeiro que já cursaram a Escola de Fé e Política da Arquidiocese de Vitória — entre eles, Clarice Kovács, que fará parte da equipe de coordenação da nova escola.
Segundo o prelado, com a criação da Escola Diocesana de Fé e Política, a Diocese de Cachoeiro de Itapemirim se soma às igrejas que têm investido na formação de cristãos conscientes, engajados e comprometidos com o Evangelho e com o bem comum. “A nova escola nasce como um espaço permanente de formação e partilha, onde fé e vida se entrelaçam para inspirar uma atuação política mais ética, justa e solidária — um verdadeiro serviço à construção de uma sociedade mais fraterna, humana e voltada à dignidade de todos”.
O que é a Escola de Fé e Política
A Escola de Fé e Política é um organismo da Igreja Católica que tem como missão formar cristãos comprometidos com a transformação da sociedade, a partir do Evangelho e da Doutrina Social da Igreja. Inspirada em experiências bem-sucedidas no Brasil e no mundo, a escola oferece cursos, encontros e atividades que ajudam os fiéis a compreender a política como uma dimensão do serviço ao próximo e à promoção do bem comum. Seu objetivo é integrar fé e cidadania, promovendo uma consciência crítica e solidária diante dos desafios sociais, econômicos e ambientais da atualidade.
As escolas diocesanas de Fé e Política surgiram como resposta às orientações da Igreja no Brasil, especialmente das Conferências de Aparecida e Puebla, que incentivam a presença dos leigos na vida pública e política. A iniciativa também encontra respaldo nas palavras do Papa Francisco, que chama os cristãos a exercerem “a melhor política” — aquela que busca o desenvolvimento integral das pessoas e o cuidado com os mais pobres.
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Fonte: Diocese de Cachoeiro