Irmã Otília celebra 60 anos de vida religiosa neste domingo (23)
Com serenidade e acolhendo à todos que se aproximam, há seis décadas, Irmã Maria Joana Otília cumpre uma rotina diária de visita aos enfermos, levando oração e palavras de esperança aos pacientes internados na Santa Casa de Misericórdia, em Cachoeiro de Itapemirim. Neste domingo, 23 de julho, quando comemora seus 60 anos de vida religiosa, a freira manteve seus compromissos diários: acordou cedo, rezou, preparou o café da manhã e caminhou quatro quilômetros para atender aos “meus doentes”, como carinhosamente chama os enfermos. Uma rotina nada fácil, principalmente para uma mulher de 90 anos.
Pelas ruas, ela passaria sem chamar atenção, se não fosse seu hábito branco, de freira. Sempre carregando uma bolsa, a irmã reside no bairro Independência e vai a pé, duas vezes ao dia, pela manhã e à tarde, até a Santa Casa de Misericórdia.
“Vou todos os dias. O doente não tem dia para sofrer, então também não tem dia certo para visitar, dar conforto. É todo dia”, justificou a Irmã.
Pela manhã, antes de sair para o hospital, seu compromisso é com as crianças e adolescentes que estudam no colégio. A irmã beija e abraça a todos quanto consegue, inclusive aos pais que levam os filhos para estudar. Aos finais de semana e feriados, a religiosa se dedica, ainda mais, às orações e tarefas domésticas da manhã.
Já no hospital, não há dias, comenta a freira. “Muitos estão sofrendo. Meu lugar é na cabeceira do doente. Passo em todos os leitos, do pronto-socorro à UTI”, destacou.
Na bolsa, a irmã leva a Bíblia, alguns folhetos para leitura e ainda ostensório para a sagrada comunhão ou para a unção dos enfermos, neste caso, sempre com a presença de um padre.
A enfermeira supervisora Luziane Marcelino disse que os funcionários já estão habituados com a presença da irmã. “Ela é calma, transmite paz. Tem um jeito meigo. Vai de quarto em quarto”, comentou.
Irmã Otília ressalta que vence a timidez por dedicação aos doentes: “Não faço distinção de ninguém. Pobre, rico, branco, preto, criança, adulto, não importa. Se é gente como a mim, é filho de Deus como eu sou, então o que quero para mim desejo para o outro”.
Natural de Oliveira, em Minas Gerais, Irmã Otília está em Cachoeiro há mais de 50 anos e desde que chegou faz as visitas à Santa Casa.
Ela lembra que desde criança seu sonho era ser religiosa. “Minha vocação era essa. Eu rezava muito. Mas não conhecia as irmãs. Custei a me decidir, pois não queria deixar minha família, meus pais e irmãos”, comentou.
Até que aos 17 anos, Otília tomou a decisão. Durante a missa, pediu ao bispo que a indicasse para uma congregação de irmãs, e assim foi.
“No evangelho de São Mateus, Jesus disse: quem quiser ser digno de mim que pegue a sua cruz e siga-me. Pensei, minhas irmãs pegaram a cruz delas, que é se casar. Esse não era o meu desejo. Quero ser de Deus e Nossa Senhora para toda vida”, comentou.
Há 60 anos, Irmã Otília vive em Cachoeiro. Mora em uma residência de irmãs dentro do Colégio Jesus Cristo Rei, sede da Congregação das Irmãs de Jesus na Eucaristia. “Sou muito feliz aqui”, afirmou.
Neste ano (2023), ela recebeu no mês de junho o título de Cachoeirense Presente nº 1, concedido pela Câmara Municipal.
“Sou uma pessoa simples e só cumpro o que Jesus me mandou fazer”, destaca. A religiosa conta que o versículo que moveu seu coração “Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me.”
E nos últimas seis décadas ela tem feito isto com passos firmes, durante todos os dias. “Se tivesse que escolher novamente, faria tudo de novo. Eu dou o melhor de mim para cumprir minha missão”.